30 junho, 2005

CONHECER PARA PROTEGER 1de2

Em conversa com um amigo, há alguns anos atrás, surgiu o pensamento que não devemos recusar convites pois podemos nunca mais voltar a ser convidados.
Mantendo-me fiel a esta ideia, aceitei o convite do meu amigo Hugo para descer o rio Vouga, entre Sever do Vouga e Aveiro, em Kayak. Integrados num grupo de 60 elementos, na sua maioria estudantes da Universidade de Aveiro, desfrutámos de um fim-de-semana magnífico.


Praia Fluvial Sernada do Vouga

Actividades deste género são oportunidades únicas para praticar desporto envolvidos pela natureza, conhecer novas pessoas num ambiente descontraído e viajar, rio abaixo, observando a natureza e a influência do homem sobre a mesma.

Constatei com alguma tristeza o abandono a que o Vouga tem estado sujeito. As populações estão de costas voltadas para o rio, não preservando o património natural e as infra-estruturas disponíveis.
A minha justificação é que nós só protegemos o que conhecemos. Se usufruirmos das potencialidades que um espaço natural nos oferece iremos lutar com garra pela sua protecção.

Seja a pé, de bicicleta ou de barco, fazendo mergulho ou pára-quedismo o contacto com a natureza resulta na melhoria da nossa qualidade de vida e no despertar da ALMA para a preservação e valorização dos recursos naturais.

25 junho, 2005

LIMITE: O CÉU 3.5

Voar…

… é alterar a horizontalidade do horizonte;

… é percorrer enormes distâncias só com o desviar do olhar;

… é mergulhar no mundo com os cinco sentidos;

… é cruzar as fronteiras do universo, engrandecendo a ALMA, que nunca mais voltará às suas antigas dimensões.




“Final Feliz”

Entrei de facto numa nova modalidade de experiência do Mundo, a realidade mantêm-se o ponto de vista é que se altera!
Fim

24 junho, 2005

LIMITE: O CÉU 3.4

O curso foi promovido pelo clube Portugal Telecom e ministrado pelo Clube de Aventura Boinas Verdes. O grupo de aspirantes a pára-quedistas era constituído pelo meu amigo Filipe Tavares (colaborador da PT Inovação e o responsável pela minha presença), o Zé Pedro e o Sérgio também eles colaboradores da PT, o Teixeira e a jovem Joana que se encontra a cumprir serviço militar.

Até este momento, era a possibilidade de voar e ver o mundo com olhos de pássaro que mobilizava o meu imaginário. Encontrava-me à distância de um instante de cruzar esta fronteira simbólica.

Mas não é lógico lançar este corpo tão frágil para o nada, confiar a minha integridade física nas mãos do vento, esperar que as nuvens funcionem como um colchão gigante protegendo-me da queda, ou que algo superior abra o pára-quedas de reserva na falha do principal.


“I’m the King of the world!!!”.

PRÓXIMA CRÓNICA: [LIMITE: O CÉU 3.5]

23 junho, 2005

LIMITE: O CÉU 3.3


O salto com abertura automática efectua-se a 4000 pés (1200m) de altitude, através de uma tira extractora fixada ao avião. A abertura total do pára-quedas ocorre quatro segundos após o salto para o vazio.

Os primeiros 4 eleitos alinharam-se na pista por ordem contrária à do salto. Iríamos saltar divididos em dois grupos desfasados 3 a 4 minutos. A ordem de salto foi definida pela natureza, a prioridade foi dada ao elemento mais pesado de forma a evitar contactos de terceiro grau. Eu fui o penúltimo a entrar o que implica ser o segundo a sair!



3, 2, 1 contacto, o avião iniciou a sua marcha em direcção ao céu. Foi gradualmente aumentando a sua velocidade. Até se perder aquela ligação à terra que tanta paz nos transmite.

A adrenalina é uma substância conhecida por todos, mas estou convicto que o meu organismo iniciou a produção de substâncias químicas, que jamais ouvi falar, elevando-me a um estado totalmente novo para mim.

Restava-me apenas alguns minutos para reunir coragem como nunca tinha necessitado.

Decidi rever mais uma vez os procedimentos:
- Assumir a posição de salto na porta do avião;
- 331, 332, 333, 334 olhar para o pára-quedas e verificar se está tudo ok, se não há enrolamentos nos cordões, se todas as células da calote estão cheias e se o slider desceu;
- Verificar se não há outros pára-quedistas na área;
- Desbloquear os manobradores e constar se o pára-quedas obedece às minhas ordens;
- Identificar o local de aterragem, definir o cone de vento, localizar o início do circuito de aterragem (1000pés), o través (500pés) e o ponto de viragem ao vento (250pés) onde devo dar a máxima velocidade travando de forma decidida apenas a alguns metros do chão.



Olhei para o altímetro – 4000pés, o lançador (responsável por definir o local de lançamento) está louco, está a abrir a porta do avião em pleno voo…
PRÓXIMA CRÓNICA: [LIMITE: O CÉU 3.4]

22 junho, 2005

LIMITE: O CÉU 3.2

O homem sempre sonhou em voar. As máquinas voadoras projectadas por Leonardo da Vinci foram o prenúncio aos planeadores dos Irmãos Wright, que permitiram ao ser humano a perda de contacto com o planeta. Porém a liberdade absoluta só surgiu com o primeiro salto de pára-quedas do balonista francês Andre-Jacques Garverin, que o desenvolveu para exibições em feiras.
Com a evolução tecnológica o pára-quedismo tornou-se extremamente seguro e acessível a todos.



Mas o pensamento de saltar para o vazio, como de um suicídio se tratasse não fugia da minha cabeça. Apenas conseguia alhear-me dele enquanto me equipava.

Como estávamos rodeados por água (ria e mar) era obrigatório o uso do colete salva vidas. Enquanto o colocava só me lembrava dos kamikases japoneses que nunca levantavam voo sem o capacete!

O equipamento é constituído por um arnês, ao qual está fixado o pára-quedas principal que possui um sistema de abertura automática (por meio de uma tira extractora ligada ao avião) e o de reserva caso algo dê para o torto, um altímetro e um dispositivo de segurança, que actuará sobre o pára-quedas de reserva caso se atinja uma altura critica sem nenhum dos pára-quedas aberto.
Tudo isto é complementado com um capacete equipado com rádio para receber instruções. No meu caso particular tive direito a uns óculos de protecção às lentes de contacto, que sugeriam uma diminuição da minha resistência ao ar!

Estava preparado, pelo menos no que se refere ao equipamento, pois o julgamento que tinha iniciado alguns minutos antes resultou numa constante alternância de veredictos: inocente, culpado, inocente…

PRÓXIMA CRÓNICA: [LIMITE: O CÉU 3.3]

21 junho, 2005

LIMITE: O CÉU 3.1

O dia D principiou-se com a alvorada às 7h00, tínhamos de estar na base militar de S. Jacinto pelas 8h00, de forma a rentabilizar o dia. A indefinição do limite (terra ou céu) ocorrida no dia anterior prolongava-se, atormentando-nos devido às contínuas alterações das condições atmosféricas. O espreitar do Sol por detrás das nuvens funcionava como um chamamento para o céu, que se foi intensificando até que pelas 13:00 se tornou ensurdecedor.

Éramos 6 aspirantes a pára-quedistas mas só havia lugar para 4 na avioneta. - Serei eu um dos felizes contemplados nesta lotaria? A probabilidade de o ser era forte (4 para 6). – Quem eu?


Esta fracção de segundo encetou em mim o julgamento, à minha ânsia em voar, aos meus sonhos de ver o planeta como as aves, à minha possibilidade de sair pelo mundo e desligar-me de tudo, ao meu querer ter o céu como horizonte, à minha ambição de liberdade,...

PRÓXIMA CRÓNICA: [LIMITE: O CÉU 3.2]

20 junho, 2005

LIMITE: O CÉU 2



Confirmo: Hoje o limite foi o CÉU.
O cansaço originado pelos sucessivos cocktails de emoções, obriga-me a deixar o relato para mais tarde…

PRÓXIMA CRÓNICA: [LIMITE: O CÉU 3.1]

18 junho, 2005

LIMITE: O CÉU 1



Hoje o limite foi a Terra!
A evolução da espécie proporcionou-mos capacidades para conhecer a realidade terrestre. A evolução tecnológica permite-nos mudar o ponto de vista e a atrever-nos a ver o mundo com olhos de pássaro.

Estou ciente que necessitaria de várias vidas para explorar o mundo da forma tradicional. Mas a eterna insatisfação que me possui, leva-me a dar um salto para um mundo novo, para o desconhecido, para o qual nenhuma explicação ou demonstração pode preparar os meus sentidos.

Sou humano e estaria a mentir se referisse que não tenho algum receio. Amanhã, quando ultrapassar este medo, acredito que para além de explorar este novo e estranho mundo vou explorar-me a mim próprio…

PRÓXIMA CRÓNICA: [LIMITE: O CÉU 2]

17 junho, 2005

PLANISFÉRIO PESSOAL

Gonçalo Cadilhe
OFICINA DO LIVRO

Finalmente a compilação das 85 crónicas publicadas pelo Expresso, em que o Gonçalo Cadilhe escreve em directo o diário da sua viagem à volta do Mundo, sem recorrer a transporte aéreo. Depois da publicação de “Por Terra e Mar” (livro que reunia as melhores fotografias da mesma viagem), temos agora o “Planisfério Pessoal”




Para quem ainda não conhece, a descrição escolhida pelos seus editores – Oficina do Livro – não podia ser melhor:

“... o resultado final não é uma simples colecção de experiências de viagem. Para lá de todas as peripécias do itinerário ou do contacto com sociedades exóticas, o viajante aborda questões tão diversificadas como a distorção das práticas de cooperação internacional, a indiferença cívica e activista dos portugueses ou a dívida histórica do capitalismo em relação à América Latina. Planisfério Pessoal é ao mesmo tempo profundo mas divertido, informado mas despretensioso, crítico mas optimista, confessional mas reservado. E, fundamentalmente, um convite à viagem, à partilha da viagem e, de um modo geral, a desfrutar da vida de uma forma intensa e deslumbrada.

12 junho, 2005

MUNDO DO FRED


Tinha acabado de tomar a decisão de partir para a América do Sul. Sentei-me em frente ao computador, abri o Google e procurei por: - Viagem Patagónia – em tempo recorde surgiu o Mundo do Fred.

"A morte de um sonho", já alguém se tinha lembrado do mesmo, primeiro Fernão de Magalhães durante a viagem de circum-navegação, e agora o Fred!

Mais que um local de inspiração, este site, permitiu-me viajar mesmo antes de partir.
Estou convicto que o mapa do Mundo do Fred é o argumento suficiente para vocês não deixarem de passar por lá [Mundo do Fred].


Image hosted by Photobucket.com

“O "Mundo do Fred" é dedicado ao meu Pai, António Amorim, que me levou nas minhas primeiras viagens e desde sempre me inspirou o espírito de viajante, de explorador do mundo e do conhecimento. Obrigado Pai.” – Frederico Amorim

08 junho, 2005

FRONTEIRAS NA NOSSA MENTE 3

Para terminar a saga -FRONTEIRAS NA NOSSA MENTE, sugiro a visita ao Blog [Nelsu, uma preta], particularmente à saga REGIÃO DA RAIA CENTRO NORTE.

Este companheiro por terras de Trás-os-Montes, teve a oportunidade de usufruir mais alguns dias do Parque Natural do Douro Internacional e recorre ao seu Blog para partilhar os novos conhecimentos…

REGIÃO DA RAIA CENTRO NORTE [III]– ONTE NUM PUDO IR L CINEMA. UN ABRAÇO/BEISO

"[30Maio2005] Achado desta breve incursão à região da raia centro-norte, O MIRANDÊS – Talvez o aspecto mais interessante desta estirada de 5 dias foi, o meu primeiro contacto com o Mirandês. "

«No extremo nordeste de Portugal, ao longo da fronteira a sul de Alcanices, entre a ribeira de Angueira, a poente e sul, e o rio Douro, a nascente, existe um conjunto de aldeias onde as pessoas utilizam entre si duas línguas: o português e o mirandês. […] o primeiro é utilizado em qualquer circunstância; o segundo […] geralmente confinado à família às relações entre vizinhos e aldeias… [Nelsu, uma Preta]


Imagem - [Link]

"[…] Não chegaram a 24 horas a minha estadia em Miranda do Douro, talvez por isso não tenha retido mais do que esta mensagem que enviei a alguns amigos: Onte num pudo ir l cinema. Un abraço/beiso." Publicado por: Major Alvega [Nelsu, uma preta]

04 junho, 2005

FRONTEIRAS NA NOSSA MENTE 2

Image hosted by Photobucket.com
Quando caracterizamos Portugal referimos com orgulho a reduzida dimensão territorial em contraste com a colossal diversidade de paisagens. Seria natural usufruirmos desta riqueza, mas insistimos em despender o nosso tempo livre em centros comerciais, em frente à TV, em cafés ou a discutir futebol.

Este estado de Hibernação está a promover fronteiras dentro do nosso país. Embora não gerem o mesmo consenso que as entre países, elas existem na mente de muitos.
Um exemplo concreto é a fronteira litoral/interior, de localização geográfica variável mas com essência criadora comum a todos.

A maioria dos portugueses está concentrada no litoral, onde o acesso às necessidades capitalistas é mais fácil, resultando num afastamento com a realidade do interior e encetando o processo de construção desta fronteira preconceituosa.
A ideia comum é que o interior está mais atrasado, que os locais se entretêm a assistir a novelas e a ouvir música popular, que o acesso à cultura é mais difícil, e que este território só serve para realizar raids de Jeep.

Reconheço que existe uma fronteira real, o acesso ao emprego mas todas as outras são fictícias. O acesso à cultura, à informação ou à prática de um desporto depende exclusivamente da determinação de cada indivíduo.
É um facto que o analfabetismo e a dificuldade ou desconhecimento do recurso Internet é superior no interior, mas é somente consequência de a população ser mais envelhecida.
Casas da juventude, auditórios municipais e outras infra-estruturas culturais estão generalizadas pelo interior. Situação deficitária no litoral, onde alguns concelhos não possuem sequer um pequeno auditório para apresentação de eventos culturais!

Image hosted by Photobucket.com
No decorrer da nossa estadia pelo Parque natural do Douro Internacional constatámos uma peça de teatro com Óscar Branco no auditório de Freixo De Espada À Cinta, presenciámos um grupo de jovens em Urrós (Miranda do Douro) numa esplanada com dois portáteis conectados à Internet, como qualquer indivíduo num centro comercial e verificámos que a agenda cultural de Mogadouro é consideravelmente maior à de Ovar!

Acabe com estas fronteiras sem sentido, vá conhecer a realidade do nosso país.

Um conselho, parta sem ideias pré-concebidas e com a mente aberta, de forma a tirar as suas próprias conclusões.

01 junho, 2005

FRONTEIRAS NA NOSSA MENTE 1



Quando se possui ALMA NÓMADA qualquer tempo livre é uma oportunidade para partir, o último fim-de-semana não foi excepção. Cinco amigos equipados com tenda e saco cama no Douro Internacional, com o objectivo de percorrer os 62km da linha-férrea desactivada do Sabor, entre Miranda do Douro e freixo de Espada À Cinta.

As pedras soltas da linha, as vedações e a vegetação intransponível precipitaram estes NÓMADAS para o asfalto. Após declinarmos duas ofertas de boleia e apercebendo-nos que a aventura se transformou num sacrifício, rendemo-nos a uma boleia até Mogadouro abandonando o trilho ao km 32. Aqui demos paz à nossa ALMA com um banho nos bombeiros e paz ao nosso estômago degustando uma posta à mirandesa.

No dia 2 optámos por visitar algumas aldeias, refrescar o corpo nas águas do Douro, conhecer o Parque Natural e o magnifico voo dos Abutres.

Todos nós saímos mais ricos deste fim-de-semana devido ao ritmo lento a que nos deslocávamos, permitindo um contacto profundo com a realidade deste paraíso.

FRONTEIRAS NA NOSSA MENTE. Mas afinal qual é a relação entre este título e o artigo? – Descubra a resposta no próximo Post!