11 dezembro, 2007

MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME IX

"Depois de quase 48 horas a viajar de comboio e autocarro do Norte ao Sul do Vietname, fui recompensado com uma cidade cheia de sorrisos! Depois de um reconfortante e bem merecido duche, aproveitei as ultimas horas de luz com um passeio pelo centro de Dalat.
Os habitantes dos países que visito despertam-me sempre a curiosidade, mas o contrário também acontece muitas vezes. Durante as minhas primeiras horas em Dalat senti-me o centro das atenções das pessoas que ia encontrando. Muitos cumprimentos, muitos sorrisos, e até um pedido para me tirarem uma fotografia. Talvez a minha boa disposição por ter saído finalmente do autocarro tenha ajudado também
A região montanhosa em redor de Dalat tem um clima mais fresco devido à altitude, e talvez por esse motivo, é completamente diferente do resto do Vietname. Pareceu-me mesmo estar num país diferente. As ruas limpas contrastam com a sujidade de Saigão e tudo tem um ar arranjado. Durante a colonização, os franceses investiram neste refúgio o que deixou marcas na arquitectura dos edifícios e na forte presença de uma comunidade católica. Actualmente é o destino turístico preferido dos próprios vietnamitas, e como tal, tem algumas atracções. Talvez os estrangeiros prefiram a natureza no seu estado mais bruto, mas os vietnamitas procuram algo inédito no seu país como uma montanha russa que desce até uma cascata, um teleférico que liga duas montanhas, uma versão reduzida da Torre Eiffel, flores e estátuas por todo o lado.

Como só tinha um dia para passar em Dalat, pensei mais uma vez em alugar uma mota para visitar todos os locais. Acabei por o fazer mas desta vez com um guia-condutor. Com algum custo consegui convencer a agência a fazer dois tours num só dia e assim fazer uma caminhada pelas montanhas além das visitas aos locais mais populares. O percurso da caminhada incluiu algumas pontes de arame que parecem cenários de um filme do Indiana Jones! Muito fixe! 

No meu último dia parto bem cedo de Dalat de volta a Saigão num apinhado, mas bem rápido autocarro. Chego cedo e ainda tenho algumas horas antes de apanhar o avião. Aproveito para dar uma última volta pela cidade. Visito novamente o mercado central, bebo um leite de coco, dou mais uma vista de olhos nas lojas de produtos falseados, observo um casamento colorido com fatos tradicionais e seis lindas damas de honor, e no final sento-me no jardim central a ver os vietnamitas jogar badmington. É com muito desânimo que me despeço de tudo isto. Tento fazer um balanço da viagem, mas a única coisa que consigo pensar é na vontade de continuar a viajar…"
- Filipe Tavares

10 dezembro, 2007

MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME VIII

"A lenda diz que as ilhas de Halong Bay foram criadas por um grande dragão que vivia nas montanhas. Sempre que descia em direcção ao mar, a sua cauda criava os vales que foram preenchidos pelo mar. No final mais de 3000 ilhas ascendem sobre as aguas cor de esmeralda do golfo de Tonkin.
Em Hanoi são imensas as ofertas de excursões para esta maravilha natural, e é difícil visita-la de outra maneira. Deixei-me então levar por uma excursão de 2 dias e aproveitei o luxo para relaxar e descansar. Disseram-me varias vezes que existiam demasiados turistas em Halong Bay mas eu até gostei bastante dos barcos de madeira e de certa maneira até acho que enriquecem a paisagem. Mais uma vez o constante nevoeiro do norte não me permitiu tirar grandes fotografias mas ajudou a criar ambiente à medida que o barco navegava por entre as ilhas. Muitas delas estão recheadas de grutas naturais que no passado foram usadas como abrigos para os pescadores. Visitei uma delas e fiquei muito impressionado com a sua grandeza. Nunca tinha estado numa gruta tão grande. Ainda tive oportunidade para remar uma canoa livremente por entre as ilhas.
Os 2 dias que passei em Halong Bay foram muito calmos e agradáveis entre a paisagem espectacular, um convívio com os outros turistas, e uma tripulação muito prestável. À noite juntei-me com os guias e alguns tripulantes que jogavam cartas a dinheiro. Segundo eles não era a sério pois jogavam com apostas baixas. Foi um pouco difícil convencer o meu guia a jogar um jogo por vez dele mesmo prometendo pagar caso perdesse. Ele assistiu ao jogo com muito medo mas no final ficou muito contente com o dólar que lhe ganhei. Para não abusar mais da sorte de principiante fiquei por ali, mas o meu guia continuou a jogar e na manha seguinte confessou ter perdido quase 15 dólares. Um pouco por todo o Vietname e ainda mais no Cambodja encontrei muitos homens a jogar e o valor das apostas sempre me pareceram muito excessivos para o nível dos seus ordenados.
As mesmas formações rochosas encontram-se em Ninh Binh 100km a sul de Hanoi. A diferença é que em vez do mar, os rochedos elevam-se por entre campos de arroz. Mais um local mágico como Halong Bay. Também aqui se faz uma visita de barco mas desta vez num barco a remos. A meio pedi para experimentar e o barco alem de lento, nunca andou direito. Acabei por desistir. Para ajudar ao meu embaraço, muitas das pessoas dessa zona remam com os pés!
Mais uma vez com a ajuda de uma boa mota, percorri toda a zona rural em redor de Ninh Binh. Foi um passeio muito agradável por entre os campos de arroz, camponeses, búfalos de água, alguns templos e as formações rochosas.
Com apenas mais 4 dias de viagem, tive que planear cuidadosamente a viagem para sul de regresso a Saigão. Com 3 viagens nocturnas de comboio conseguia percorrer todo o país e durante o dia podia fazer algumas visitas interessantes na cidade Imperial de Hue, a cidade costeira de Hoi An, e a costa balnear de Nha Trang. No entanto a chegar a Hue encontrei uma autêntica tempestade que nesta altura do ano até é bastante comum. A chuva não parava e já tinha inundado as ruas da cidade. Eu já tinha visto as casas construídas sobre pilares e tinha visto as notícias das cheias mas hoje é que vi mesmo aquilo que as pessoas daqui têm de suportar. Apesar das ruas cheias, todos continuavam com as suas vidas.
O rapaz da empresa de transportes disse que quando a situação piora, ficam por vezes durante 8 dias com água dentro das casas e as pessoas ficam a espera no segundo piso. Isto aquelas que têm casas com 2 pisos! Apesar de estar bastante impressionado tinha os dias contados e decidi continuar a viagem para sul. Caminhei com a água pelo joelho até o autocarro e sai da cidade num transporte privilegiado. Hoi An encontra-se inundada também e eu decidi mudar o plano para Dalat, uma zona montanhosa não muito longe de Saigão. Lá vou desfrutar dos últimos dias da minha viagem."

- Filipe Tavares


PRÓXIMA CRÓNICA: [MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME IX]

03 dezembro, 2007

MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME VII

"De volta ao Vietname. De avião dei um grande salto para Hanoi, a capital que fica no norte do país. Os meus agasalhos que estiveram sempre no fundo da mochila, estão agora vestidos.
Ao contrário do sul, o norte tem um Inverno e está frio. A minha primeira impressão de Hanoi é de estar num pais diferente. De facto o norte e o sul estiveram separados durante 21 anos por razões políticas, mas também muito por causa das suas diferenças. O clima é diferente, existem algumas diferenças na linguagem e muitas na cultura. Apercebi-me principalmente na maneira de ser das pessoas. Pelo menos com os estrangeiros, as pessoas não são tão amigáveis como os vietnamitas do sul. E muitas das abordagens que me fizeram foi apenas no sentido de conseguir um bom negocio com um turista. Ainda assim também tenho encontrado alguns vietnamitas simpáticos e o norte guarda alguns dos locais do país mais interessantes para visitar.
 
Hanoi é uma cidade enorme. Não tem a mesma confusão de motas como Saigão mas as ruas estão cheias de vida. O antigo centro é composto de pequenas ruas ligadas ao comércio. Os seus nomes são dados conforme o tipo de produtos que são vendidos. Actualmente muitas delas podiam-se chamar "rua dos souvenirs", mas a maior parte ainda se mantêm fiel ao seu nome. É muito interessante ver uma rua cheia de sapatos, virar a esquina e encontrar imensos candeeiros chineses. Tudo se vende no centro desta cidade.
É em Hanoi que se encontra o grande monumento dedicado a Ho Chi Minh. Considerado o grande herói nacional, o seu local é visitado todos os dias por imensos Vietnamitas que prestam homenagem visitando o seu túmulo. Diariamente no teatro municipal, há a exibição de espectáculos de marionetas de água. É uma arte antiga que teve origem nos campos de arroz inundados de agua. Muito interessante mas nada que a AATMO não consiga fazer: [Link]
Depois de Hanoi, viajei ainda mais para norte para Sapa que fica perto da fronteira com a China. É uma pequena localidade que combina paisagens deslumbrantes de vales e montanhas, inclusive de Fansipan, a montanha mais alta do Vietname com 3143 metros de altitude. À semelhança da província de Mondulikiri no Cambodja, esta zona é habitada por povos minoritários, os Dzao e os H'Mong. Ambos têm uma linguagem e uma cultura próprias. Dentro deles ainda existem diferentes tribos facilmente identificáveis pelas cores das suas roupas. Existem H'Mong Brancos, Pretos, Verdes, e às Flores. Os Dzao também se dividem entre Vermelhos e Pretos.
 
 
Pela terceira vez nesta viagem, aluguei uma mota para visitar as montanhas e as diversas aldeias em redor de Sapa. Um nevoeiro sempre presente não me permitiu apreciar totalmente as paisagens, mas foi um passeio muito interessante. São principalmente as mulheres que mantêm a tradição, mas actualmente além de um fato tradicional, é também um uniforme de trabalho! Todas têm algo para vender e muitas apesar de não saberem ler nem escrever já aprenderam um bom Inglês para falar com os turistas. Em Sapa era costume haver um mercado de amor todos os sábados. Era um local de encontro onde os jovens procuravam alguém para casar. Foi-me confessado por 2 pessoas que actualmente o mercado do amor continua a existir mas completamente encenado para os turistas verem. E eles lá estão com as câmaras de vídeo e maquinas fotográficas a ver os rapazes cantar uma espécie de serenatas para as raparigas! Fiquei um pouco desiludido com todo este cenário montado em Sapa.
 
 
No segundo dia visitei o mercado de Bac Ha numa zona habitada pelos H'Mong. Gostei muito e já me pareceu ser completamente genuíno.
 
No final do dia apanhei um comboio nocturno de volta a Hanoi mas não vou ficar aqui muito tempo. Apenas aguardo algumas horas pelo transporte para a famosa Halong Bay."

- Filipe Tavares

PRÓXIMA CRÓNICA: [MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME VIII]