24 janeiro, 2012

VIVER EM MOÇAMBIQUE II

Cidade de Maputo

A baía de Maputo foi explorada pelos portugueses pela primeira vez em 1545. O responsável da expedição foi o navegador Lourenço Marques, facto que acabou por dar nome à região e à cidade que se formou. Rapidamente se estabeleceram aqui colónias comerciais mas foi só no século 18 após a descoberta de ouro e diamantes na vizinha África do Sul, que Lourenço Marques prosperou. Com a construção de uma linha férrea entre Lourenço Marques e Pretória e com a expansão do porto marítimo, Lourenço Marques acabou por substituir a Ilha de Moçambique como capital da colónia em 1898. Nos anos 50 e 60, a cidade atingiu o seu auge como centro cosmopolita. Após a independência, a cidade mudou o seu nome para Maputo, e assim como o nome, muito mudou transformando-se na cidade que encontro hoje.
Conselho Municipal de Maputo

Samora Machel na Praça da Independência

Quando viajo de férias, a passagem pelas capitais é sempre obrigatória. Reservo sempre alguns dias para as visitar acabando por escrever também um pouco sobre elas. Pois eu já estou em Maputo há alguns meses e sinto que ainda me falta conhecer muito da cidade, da sua história, e dos seus habitantes. Na verdade, ainda me sinto um pouco forasteiro!
Café Continental

Prédio na Baixa

A maior parte da construção que se encontra no centro de Maputo é a mesma da era colonial, embora tudo esteja mais degradado e com um ar do outro lado do tempo. Passear em Maputo torna-se uma experiência nostálgica para um Português mesmo que não tenha vivido os tempos áureos de Lourenço Marques.
Praça de Touros

Estação de Comboios

É como uma cidade fantasma, que entretanto foi ocupada por gente de outro tempo. Dou por mim a olhar para os edifícios antigos e a imaginar o passado. Entro neles e viajo mesmo para trás. No antigo edifício dos correios, escrevo à mão, compro um envelope e colo selos com dezenas de anos! No teatro Gil Vicente vejo um filme numa sala gigantesca, sentado entre cadeiras de pau meias partidas, com uma imagem de pelicula cheia de rabiscos, e com um toque de sinos para avisar que o filme está prestes a começar! Eram mesmo sinos ou uma gravação deles! Se não os ouvisse, já nem me recordava deles no velho cinema de Ovar!
Teatro Gil Vicente
Antigo Cemitério dos Portugueses

Apesar dos edifícios antigos a cidade está bem viva. Não é preciso visitar o resto do país para perceber que Maputo é um mundo à parte e que aqui tudo se encontra e tudo acontece. Nada me falta aqui. Vivo na Avenida Eduardo Mondlane, uma das maiores e mais emblemáticas da cidade. Ocupo um espaçoso T2 no 3º andar de um velho prédio. As portas e janelas estão barricadas com grades e redes contra ladrões e mosquitos! Apesar de forasteiro, não deixo de sentir que é o meu novo lar e sinto-me cada vez mais em casa.
Prédio na Baixa

A minha viatura de serviço, uma carrinha pickup chinesa, passa as noites na rua desprotegida. Foi assaltada logo na primeira noite debaixo dos narizes de dezenas de guardas a quem não pago proteção. Mas com muita simpatia e oferta de roupa usada, alguns já me conhecem e ninguém tem mexido no carro.
Monumento às Vítimas da Primeira Grande Guerra / Praça dos Trabalhadores

O caminho para o trabalho leva-me pelas movimentadas ruas de Maputo. O trânsito é intenso e desordenado, e os hábitos locais de condução testam a minha paciência a toda a hora! Os últimos metros são feitos numa estrada ainda de terra batida dentro do campus da Universidade Eduardo Mondlane. Não trabalho para a Universidade mas as instalações da Televisa ficam lá dentro!
Catedral

Podia escrever mais sobre a minha vida em Maputo e o que já descobri na cidade, mas para já ficam estas primeiras impressões... e fotos.
Avenida Eduardo Mondlane

Filipe Tavares


PRÓXIMA CRÓNICA: [VIVER EM MOÇAMBIQUE III]

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Como é a Casa de Ferro por dentro? Sempre quis saber... É um dos monumentos de Maputo que mais me fascina... E a vida aí, continua boa?

11/08/12, 15:39  

Enviar um comentário

<< Home