Ilha de Xefina
A Ilha de Xefina Grande situa-se a uns 4Km do continente mesmo em frente à famosa Costa do Sol, a praia mais próxima da cidade de Maputo. Apesar do nome, a ilha não é maior do que um dos bairros da cidade. Não é o tamanho, mas sim a localização estratégica na baía e a proximidade a Maputo que caracteriza a sua importância. Desconheço a sua história mais antiga, mas logo me contaram da existência de uma antiga prisão da PIDE e base militar que jazem agora em ruínas. Rapidamente a Xefina Grande despertou a minha curiosidade e acabou por ser a minha primeira exploração fora da cidade de Maputo. Já lá vai algum tempo, mas fica aqui o meu relato.
 |
Praia dos Pescadores |
Com a maré baixa na praia da Costa do Sol, é possível caminhar algumas centenas de metros mar adentro. Dá vontade de caminhar até à ilha de tão próxima que aparenta estar. Mas a travessia não pode ser feita a pé e são os pequenos barcos de uma vila de pescadores que tipicamente navegam estas águas. No fim de semana anterior, visitei essa vila e abordei os pescadores procurando informações sobre a travessia. O preço, a duração da viagem, as melhores marés, e o que nos esperaria do outro lado. Tudo ficou acordado. Na semana seguinte lá estava eu na hora combinada tentando encontrar o dono do barco, acabando por descobrir que se encontrava de ressaca da noite anterior! Ainda bem que não lhe dei o adiantamento que tanto me pediu! Na verdade, tenho constatado que a festa do fim de semana contagia muita gente aqui em Maputo e os exageros são bem visíveis nos dias seguintes. Felizmente não foi difícil renegociar com outros pescadores, embora tenha gerado muita discussão entre eles.
 |
Praia da Xefina |
Com as velas rasgadas e num mar muito calmo, o barco foi-se aproximando lentamente. E após meia hora de viagem, fui muito bem recebido por uma bela praia selvagem repleta de aves! Os meus barqueiros ancoraram o barco na areia e fizeram questão de me guiar pela ilha. As ruínas encontram-se do outro lado e fizemos o percurso à volta da ilha pela praia. Mais aves, muitas aves, barcos de pescadores, caranguejos, e muitas alforrecas mortas na areia!
 |
Praia da Xefina |
 |
Praia da Xefina |
 |
Alforrecas |
Pouco depois encontro as primeiras ruínas. Casas parcialmente destruídas e ao mesmo tempo relativamente bem conservadas, enterradas e submersas na areia e mar. Parecia estar a caminhar num cenário de um filme! Tal como acontece na costa portuguesa, o mar aqui tem reclamado a praia. Os edifícios da base militar parecem simplesmente ter sido remexidos pela maré!
 |
Ruínas da Base Militar |
 |
Ruínas da Base Militar |
 |
Ruínas da Base Militar |
 |
Ruínas da Base Militar |
 |
Ruínas da Base Militar |
Fascinado, acabei por abandonar a praia apenas pela insistência dos meus guias. Desta vez regressamos por um caminho atravessando o bosque interior. Mesmo no meio da ilha, eis que surge mais um cenário fascinante. As ruínas da prisão que por sua vez estão a ser reclamadas aos poucos pelo bosque! Fiquei apenas a imaginar como teria sido a prisão em pleno funcionamento. As inúmeras celas compactas que agora parecem albergar muitos morcegos! Um edifício grande que parece ter sido a cozinha. Um salão com o brasão de Portugal. E uma enorme casa de luxo com piscina, talvez para o militar da mais alta patente.
 |
Ruínas da Prisão |
 |
Ruínas da Prisão |
 |
Ruínas da Prisão |
 |
Ruínas da Prisão |
 |
Ruínas da Prisão |
Mais uma vez abandonei o local apenas pela insistência dos meus guias preocupados pela maré baixa que se aproximava. Continuando pelo bosque, ainda demos com uma pequena aldeia. Os habitantes da ilha são pouco mais de uma dúzia de pescadores residentes e um par de militares que os meus guias aparentavam evitar.
 |
Praia da Xefina |
 |
Praia da Xefina |
 |
Flamingos |
De volta à praia das aves, o barco estava de facto estacionado na areia depois do mar ter descido. Apressamo-nos a empurra-lo para a água e regressar rapidamente. Acabou por ser um pouco tarde demais, pois a meio o barco encalhou na areia. Felizmente a viagem não era longa e não tivemos dificuldade em fazer os últimos metros a pé!
 |
Cidade de Maputo |
Filipe Tavares
PRÓXIMA CRÓNICA: [VIVER EM MOÇAMBIQUE IV]