15 dezembro, 2008

MISSÃO POSSÍVEL 3: MADAGÁSCAR VIII


 
"19h30, 6 de Dezembro de 2008, Restaurante em Ambodifotatra, Ilha de
Sainte Marie

Salama!

Depois de 24 horas de Taxi Brousse, vi-me obrigado a passar um dia na cidade de Toamasina esperando a oportunidade de fazer a viagem de barco para a ilha de Sainte Marie.


Outrora desenvolvida como um resort para os franceses na era colonial, a cidade de Toamasina tem actualmente um aspecto decadente mas curioso com muitas casas e edifícios antigos. Tem também um dos principais portos de abastecimento de Madagáscar e é frequentada por marinheiros de todo o Mundo.


Sainte Marie é uma ilha com 57Km de comprimento próxima da costa leste de Madagáscar. O seu nome actualmente utilizado foi dado pelos portugueses, os primeiros europeus a descobri-la. Os franceses tentaram estabelecer uma colónia na ilha mas foram derrotados por febres tropicais que mataram a maioria dos pioneiros. Desde então a ilha tornou-se um refúgio de piratas que assaltavam os barcos mercantes entre o cabo da Boa Esperança e a Índia. Obviamente os piratas não existem mais e são poucas as marcas visíveis actualmente, mas tão recentemente como no ano 2000 ainda foram descobertos os vestígios do barco de Captain Kidd, o mais popular dos piratas de Sainte Marie. O paradeiro do seu tesouro continua desconhecido.


Nas zonas mais remotas de Sainte Marie, existe tudo o que se pode esperar de uma ilha tropical. Praias de areia branca, um mar calmo e transparente, muita vegetação e os típicos sons da floresta tropical.
Apesar da forte aposta do turismo, certas zonas da ilha mantêm uma tranquilidade surpreendente. Os seus habitantes ajudam com a sua simpatia e boa disposição. É difícil para mim explicar o quanto fiquei fascinado com ilha. Acabei por ficar aqui vários dias num bungalow a poucos metros do mar.


Ao mesmo tempo para acalmar o meu espírito irrequieto, aproveitei a ocasião para mergulhar. Desde a minha viagem à América Central que não visitava o fundo do mar e já aguardava pelo regresso com bastante ansiedade. Creio que o local que escolhi foi uma boa aposta. A Ilha de Sainte Marie tem um grande recife de corais e uma grande variedade de vida aquática. Em vez de simplesmente mergulhar, aproveitei para tirar o segundo nível do curso de mergulho da PADI, e experimentei novas modalidades, como mergulho nocturno, mergulho de grande profundidade, mergulho em barcos afundados, e navegação sub-aquática.
Depois de todas estas experiências fascinantes espero que a próxima vez não tarde tanto tempo.


Também aqui na ilha da Sainte Marie, tive a oportunidade de assistir a uma festa do Zebu. O proprietário Italiano da escola de mergulho deu início à construção de um Hotel e para que tenha boa sorte no seu negócio, a tradição de Madagáscar obriga a que faça uma festa do Zebu para todos os residentes. Toda a equipa da escola de Mergulho, eu e os outros mergulhadores foram também convidados e até nos arranjaram uma carrinha de caixa aberta para nos transportar. A festa dura pelo menos dois dias. O anfitrião compra um ou mais Zebus, conforme o número de convidados, e no primeiro dia faz-se uma espécie de tourada. Os Zebus não parecem tão bravos como os nossos touros, mas os populares encarregam-se de atiça-lo.


O anfitrião desafia os mais corajosos oferecendo algum dinheiro a quem montar o animal. No segundo dia, mata-se e prepara-se o Zebu para comer com arroz. Folhas de árvores foram usadas para tudo, embrulhar o arroz cozido, para fazer de mesa no chão, e bocados mais pequenos dobrados servem de colher tanto para o arroz como para água de cozedura do Zebu que serve de molho. Gostei da experiência mas não posso dizer que tenha gostado muito da comida!

Amanhã termino o meu descanso e parto de barco novamente para a grande ilha. O meu plano é de aventurar mais para norte para a remota costa da Baunilha!"

- Filipe Tavares

PRÓXIMA CRÓNICA: [MISSÃO POSSÍVEL 3: MADAGÁSCAR IX]