THE AMERICAN DREAM-CUBA VII
No passado fim-de-semana um amigo afirmou a sua desilusão com o povo de Havana. Esta opinião é contrária, à que idealizei no decorrer da minha visita a Cuba. Tentei animá-lo, referindo que talvez o facto do primeiro contacto com a população ter sido negativo, lhe tenha condicionado o resto da estadia.
Coincidência ou não, recebi o seguinte E-mail do Carlos:
“...está tudo bem, embora tenha que fazer algum esforço para manter as férias dentro do orçamento previsto. As expectativas sobre CUBA, são as que eu esperava, embora tenha sido um choque tremendo, quando entrei numa Havana algo carenciada, em termos infraestruturais, e até morais. Não da parte da maioria da população, mas de uma minoria que vive da tentativa de golpe ao turista…”
A lotaria da naturalidade possui regras similares a qualquer jogo de sorte. Existe uma pequena percentagem da população mundial, que teve direito ao 1.º prémio. Nós, portugueses, arrecadámos o 2.º ou o 3.º prémio. Mas existem milhões de seres humanos, que não tiveram direito a prémio.
O povo cubano é exemplo dessa má sorte, sobrevive com extremas necessidades. A minoria desonesta não merece compreensão, nem em Cuba, nem em qualquer parte do mundo.
Os outros, os honestos, que se aproximam dos turistas, com o intuito de obter algum dinheiro, fazem-no apenas por ser a única possibilidade, de reclamar o seu quinhão nesta lotaria.
Resposta do Carlos à minha solicitação para publicar o primeiro E-mail:
“- Podes lançar o texto, afinal toda a gente vê jineteros/as. Afinal eles existem entre a Times Square, e a Red Square, mas estes são mais polidos, porque não passam fome…
…Depois dou mais detalhes, muito interessantes sobre esta experiência…”
PRÓXIMA CRÓNICA: [THE AMERICAN DREAM-CUBA VII.1]
1 Comments:
É a primeira vez que me proponho a acrescentar algo, apesar de alguns convites que ainda não pude satisfazer por falta de tempo ou inspiração.
Sinto-me realmente nostálgigo e deveras feliz ao ver estes amigos a fazerem algo que considero essencial para a estrutura interior de nós próprios, quer seja pelo bem estar interior (chega quase a ser viciante) quer pela procura de sermos um melhor ser humano. Sermos mais abertos, menos preconceituosos, mais amigáveis, acolhedores e irremediávelmente mais sonhadores.
De facto, a minha experiência em Cuba não terá sido das que mais me impressionaram. Pelos diversos países em que "deambulei" Cuba deixou-me algo decepcionado. Não pela pobreza, podem alguns imaginar (para quem já esteve na Roménia, Cuba é um país rico! ;)), mas pelo próprio ser humano e ambiente politico do próprio país. Não a política partidária, mas sim a política mental. Encontrei um país (mais propriamente uma cidade - Havana), onde ninguem faz nada sem ter algo em mente, tudo à caça do turista otário, tudo à espera do famoso peso cubano (alguém o viu? é convertível para nós! pois nem acesso à moeda deles temos). Quando viajo procuro conhecer a essência do povo, a sua familiaridade, a sua identidade. Não o consegui em Cuba. Talvez as minhas expectativas tenham sido demasiado elevadas, talvez não tenha aberto os meus horizontes o suficiente para passar essa pseudo-fachada. Não sei. Mas a verdade, é que até a própria cidade me desiludiu. Uma cidade quase em ruínas (para mim no problem visto que a maior parte das minhas viagens foram pela Europa do Leste ;)), mas que tudo existia para o turista. Digo, apenas para o turista! Bares, restaurantes, lojas, animações, de onde os cubanos não podem usufruir pois estão legalmente proíbidos. Peço desculpa aos adeptos de Cuba e que tiveram experiências bem diferentes da minha. Eu vi fachadas e uma politica hipócrita. Eu vi um povo bastante menos humilde do que esperava. Tudo se paga. Até uma foto tirada na rua a algum cubano que esteja no seu dia-a-dia. Gostava de ter tido mais tempo e tirado a prova dos nove ao viajar para o interior do país. Ou talvez gostava de ter fechado os olhos para continuar a sonhar com a Cuba com que sempre sonhei...
Um abraço, e votos de que o Carlos encontre a Cuba que sempre sonhou!
Hugo Silva
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