22 novembro, 2007

MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME IV

"Depois da capital decidi fazer uma visita rápida à pequena cidade de Kampot no sul do país.

A minha viagem para lá foi muito curiosa. Apanhei um mini bus. O preço era o mesmo do que os autocarros com ar condicionado mas tinham a vantagem de partir a qualquer hora do dia. Só saímos da estação quando a carrinha de 12 lugares ficou cheia. Mas à medida que íamos avançando, mais pessoas foram entrando. É difícil explicar a maneira como toda a gente estava embalada. Contei 23 pessoas dentro da carrinha mas não era só. A determinada altura quando olhava pela janela, vejo um pé de alguém sentado em cima da carrinha. Logo de seguida o braço da mesma pessoa esticou-se e deu dinheiro ao polícia que estava no passeio. A todos os polícias que passamos, o ritual repetiu-se. Parece que é a "taxa" de quem vai em primeira classe em cima da carrinha. Para não me sentir mal servido, bastou estar atento ao trânsito. O meu transporte não era dos piores. De facto nunca vi um país em que os transportes fossem tão lotados. Apesar de tudo até foi uma viagem interessante em que deu para conversar com algumas pessoas do Cambodja.
 A viagem de regresso foi semelhante mas desta vez fui aconselhado a apanhar um táxi partilhado. Aqui também fomos uns em cima dos outros, com 8 pessoas num carro de 5. A vantagem é que a viagem foi muito mais rápida. Uma senhora que ia ao meu lado explicou-me que só recentemente com a subida dos combustíveis, é que os transportes entraram neste exagero para manter os preços das viagens. Apesar de toda a gente em Portugal se queixar do preço da gasolina, aqui é bem mais crítico.
Depois de observar todos os Vietnamitas e os Cambojanos a andar de mota, já há algum tempo que queria alugar uma e fazer como eles. O problema é que a minha experiência como motoqueiro limitava-se a umas voltinhas na scooter do meu primo e na antiga casal boss 2 do meu amigo Ricardo. E já lá iam bastantes anos! Mal fiz o check-in na pousada em Kampot, o empregado sugeriu-me repetidas vezes em alugar uma mota. Era mesmo o incentivo que precisava ouvir. No outro dia de manha bem cedo, lá estava a Honda 110cc de cilindrada, 4 mudanças, arranque eléctrico, embraiagem automática, e cestinho a frente para pôr o guia de viagem. Depois de umas rápidas explicações, fiz-me à estrada.
 
 
Com transporte próprio eu poderia num dia percorrer todos os pontos de interesse em Kampot. Praias, cavernas, cascatas, campos de arroz, e um parque nacional com uma cidade fantasma. Em 1917 os Franceses decidiram construir um resort em cima da montanha de Bokor, actualmente um parque nacional. Este e outros resorts na costa sul foram utilizados pelos franceses emigrados durante o período em que o Cambodja era uma colónia francesa. No final dos anos 40, quando o Cambodja ganhou a sua independência, os franceses fugiram e o resort foi abandonado. E assim permaneceu devido aos conflitos armados que ocorriam na região.
 
Este foi o meu primeiro destino. Os primeiros minutos na estrada foram muito fáceis. O trânsito era praticamente inexistente comparado com o de Saigão. Mas quando chego à base da montanha é que vejo o que tinha pela frente. Eu sabia que a estrada até ao topo era muito má, mas não sabia quanto. Devagarinho lá consegui passar o teste de todo o terreno mas demorei cerca de 3 horas. Lá em cima fui compensado com uma verdadeira cidade fantasma. Uma igreja, um casino, um hotel, e os correios, eram os edifícios principais. Pena que o nevoeiro não me permitiu ver a paisagem para o mar. A descida foi um pouco mais rápida pois já contava com alguma experiência mas uma chuva ainda veio atrapalhar. No final pouco mais tempo de luz tinha mas ainda consegui fazer um passeio agradável pelos campos de arroz, visitar um tempo e umas grutas, e ver o por de sol no mar. Quando devolvi a mota, tinha o corpo todo pisado e cansado, mas gostei imenso. É uma experiência a repetir durante esta viagem.
 
 
 
 
 
Ainda em Kampot, tive a sorte de apanhar um concerto na cidade logo nessa noite. A Honda está actualmente a patrocinar uma tour por todo o país com vários artistas pop e hip hop. Depois de tantos anos isolado do resto do Mundo, a geração MTV finalmente chega ao Cambodja! Pedi logo aos meus vizinhos do lado o nome dos MCs para procurar a música deles mais tarde. Antes de regressar ainda fiz uma visita a um orfanato que também é ao mesmo tempo uma escola de música. Fui brindado com um mini concerto de música tradicional. Mais um tipo de música a procurar.
Actualmente estou em Siem Reap e amanhã vou visitar os famosos Templos de Angkor."

- Filipe Tavares

PRÓXIMA CRÓNICA: [MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME V]

1 Comments:

Blogger Henriqueta Matos said...

Como viajar é, para mim, a maior das prioridades, estou a adorar acompanhar todas as tuas peripécias.
("hip-hop"por essas bandas?)
Beijo e tudo de bom!

26/11/07, 17:37  

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