18 novembro, 2007

MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME II

Notícias do Oriente - 1

"Os meus primeiros dias foram passados na cidade de Saigão. Apesar da antiga capital do Vietname do sul ter mudado de nome no final da guerra para Ho Chi Minh, os seus habitantes continuam a tratá-la pelo seu antigo nome, por isso passei a fazer o mesmo.
 
A cidade é muito grande com 7 milhões de habitantes. De certa maneira fez-me lembrar Pequim. Muito trânsito e movimento nas ruas, muitos vendedores e restaurantes de rua, muitos hábitos parecidos. Apesar da enorme confusão, não deixa de ser muito interessante. Muitas pessoas falam um pouco de Inglês e a comunicação é relativamente fácil. Os vietnamitas são muito amigáveis e prestáveis. Apesar de recusar repetidamente as ofertas dos taxistas de carro, mota e bicicleta, e as ofertas dos vendedores de rua, nunca deixam de sorrir para mim e tentar ajudar-me.
A zona central não é muito grande e preferi percorrer os pontos de interesse a pé. No entanto não se revelou tarefa fácil. O trânsito é simplesmente caótico e à primeira vista parece impossível atravessar uma rua. Alguns anos atrás a cidade era conhecida pelas suas inúmeras bicicletas. Actualmente quase todos substituíram a bicicleta por uma mota. Continuam a ter a mesma agilidade nas estradas mas deslocam-se mais rápido. Para ajudar à confusão, as regras são para se cumprir só as vezes. Motas nos passeios, em contra mão, e a atravessar estradas, são situações perfeitamente normais. Por incrível que pareça não vi um único acidente! Não vi mesmo. Nem sequer vi a rapariga na mota em contra mão que me apanhou de lado. Felizmente ela vinha muito devagar e eu aguentei bem o impacto e até segurei na mota não fosse ela cair. Estes totós dos ocidentais só vêem atrapalhar!
O Vietname passou por muitas guerras e teve que se defender de muitos forasteiros oriundos da China, Mongólia, Cambodja, Japão, Franca, e mais recentemente dos Estados Unidos da América. Se os americanos tivessem estudado melhor a história do Vietname, teriam desistido logo no início. Pois por mais tempo e esforços necessários, os vietnamitas sempre conseguiram expulsar os seus invasores. A guerra mais recente entre o movimento comunista vietnamita contra a antiga república do Vietname do sul apoiada pelos americanos, deixou muitas marcas que ainda hoje se podem encontrar. Saigão tem bem presente essas marcas de guerra e as minhas primeiras visitas foram em torno dessa parte da história. Em muitos locais encontram-se veículos militares que são agora pecas de museu. No palácio presidencial e possível visitar um bunker criado para protecção do presidente. O que mais me impressionou foi o museu de guerra com muitas fotografias e relatos que retratam todos os horrores da guerra. A meio senti um aperto no estômago e tive que me sentar.
 
Em Cu Chi, uma região vizinha de Saigão muito conhecida pelas constantes batalhas, os guerrilheiros comunistas construíram um sistema de túneis debaixo da terra que lhes permitia percorrer toda a região e surpreender os soldados americanos em qualquer lugar. Tive a oportunidade de conhecer esses túneis e percorrer 100 metros de um troço original. Praticamente sem espaço para me mexer, cheguei ao fim completamente exausto.
 
 
 A visita não foi bem o que eu esperava. Foi muito salientado os actos heróicos dos vietcongues esquecendo totalmente o seu custo. A meio da visita, os turistas eram convidados a disparar armas verdadeiras num campo de tiro! Eu pensava que depois de tanto sofrimento, o Vietname dispensava mais tiros e armas. Por outro lado, vender balas aos turistas e contar piadas durante as visitas aos campos de guerra, talvez seja uma atitude mais positiva."



Notícias do Oriente - 2
"O rio Mekong é um dos maiores rios do Mundo. Nasce no Tibete e percorre 4500km através da China, Myanmar, Laos, Tailândia, Cambodja, e termina no sul do Vietname. No Vietname o rio divide-se por vários canais formando o chamado delta do rio Mekong. Esta região cresce cerca de 80 metros todos os anos devido a grande quantidade de sedimentos transportados pelo rio que se vão depositando.
Depois de Saigão, viajei para sul precisamente para esta região. Acabei por optar por uma excursão de 3 dias que terminava na capital do Cambodja, o meu próximo destino. Apesar de estar limitado num percurso fixo, foi a maneira mais rápida que encontrei e também me permitiu conhecer outros viajantes. Aqueles com quem mais me identifiquei, foi um Holandês, e um casal de uma australiana e um equatoriano. O casal já estava a viajar por todo o mundo há 14 meses. O Holandês costuma trabalhar 5 anos na Holanda para juntar dinheiro e ganhar o direito de pedir uma licença de 1 ano que aproveita depois para viajar. Estava precisamente no início de uma nova viagem.

  
Foram 3 dias muito agradáveis e interessantes. Toda a vida da população gira em torno dos canais do rio Mekong. A água é usada para irrigar plantações de arroz, e só esta pequena zona consegue produzir arroz suficiente para todo o país. As casas são construídas e elevadas por pilares para se protegerem das cheias. Outras casas são flutuantes e estão mesmo no meio do rio. Os seus habitantes constroem jaulas debaixo delas e usam-nas como viveiros de peixes. Na hora do jantar e só abrir o alçapão e apanhar um! Existem também mercados flutuantes, onde os agricultores levam as suas colheitas nos seus barcos e fazem os próprios negócios no meio do rio ou na costa do mesmo.
 
 
 
A excursão terminou na fronteira com o Cambodja, a qual atravessei de barco para depois subir o rio Mekong durante 4 horas ate chegar a Phnom Penh, a capital do Cambodja. Nos próximos dias tenciono visitar a cidade e o sul do país, antes de partir para norte para os famosos templos de Angkor."


- Filipe Tavares

PRÓXIMA CRÓNICA: [MISSÃO POSSÍVEL 2: VIETNAME III]

3 Comments:

Blogger Henriqueta Matos said...

Isso é o que eu considero viajar no verdadeiro sentido da palavra. Fascinante!!!!
Mas, por vezes, n deve ser fácil entender essa gente né?!
Continuação de aventuras fantásticas e memoráveis por terras de Ásia. (O rio Mekong foi onde Camões naufragou no regresso da Índia e perdeu a mulher amada).
Beijo grande

21/11/07, 16:00  
Anonymous Anónimo said...

Só agora vi o iol e apetece-me parafrasear as tuas palavras:


"Quando for velho(a), vou aproveitar as férias para descansar numa praia. Até lá ponho
a mochila às costas e parto à descoberta. Tenho o mundo inteiro à minha espera."

21/11/07, 16:30  
Blogger Raul Silva said...

Caro Filipe
Gostaria de obter o seu email para assunto referente ao Vietname
Raul Silva
raul.silva1959@gmail.com

24/04/15, 23:13  

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