27 outubro, 2005

PONTE INTERCONTINENTAL 9

Enquanto reflectia como fechar esta saga foi perseguido por outro pensamento: - Como é que se pode definir a Turquia?

Procurei a resposta nos meus apontamentos de viagem e registos fotográficos, mas não a encontrei! Restava-me apenas as lembranças, dos diálogos que travei com Filipe, que se começam a diluir. É curioso, mas a resposta já tinha sido dada e de forma unânime: A Turquia é um país de contrastes.

Esta interpretação poderia ser justificada pelas distintas culturas que encontrámos. Em Istambul a influencia ocidental descaracterizou a herança islâmica da Turquia, mais para Este, em Kars, a influência Arménia, Curda, Turca e Russa transporta-nos para a Ásia Central e Sanliurfa, consequência da sua proximidade com a Síria, transmite-nos o sabor do médio oriente.
A Turquia é uma mescla, não só de culturas mas também de paisagens. Desde as praias do Egeu, ao monte Ararat nas montanhas a leste, onde a lenda conta que a Arca de Noé ficou encalhada, não existe uma homogeneidade na paisagem deste país.

Mas o melhor exemplo de contraste surge na comparação de duas experiências vividas respectivamente em Trabzon e Kusadasi.

Trabzon localiza-se na costa do Mar Negro e caracteriza-se pelo seu porto marítimo. Kusadasi é banhada pelo mar Egeu sendo um destino preferencial para o turismo de sol e praia. Em Trabzon a nossa procura por um lugar com divertimento nocturno levou-nos a um local que se avistava do nosso quarto de hotel e o qual baptizei de a CASA. A mesma tarefa em Kusadasi apresentou-nos um Irish pub numa rua repleta de bares.

Poderia definir A CASA de muitas formas mas simplificando tratava-se de uma casa de meninas! Para ser mais preciso uma casa de Natashas.

A nossa mente ocidental rapidamente distingue e classifica os dois locais nocturnos, produzindo juízos de valor sobre a nossa opção em permanecer dentro da CASA. Mas a realidade é completamente oposta ao que o senso comum nos quer impor.

Na CASA estavam algumas Natashas (best of da estrada nacional n.º1) sentadas num canto sem se misturar com um número desproporcional de homens. A música provinha de um homem dos sete instrumentos acompanhado na voz por uma Natasha. A pista de dança estava ocupada por homens dançando em conjunto no limiar do tipificado por hollywood como bar gay! Por vezes as Natashas aproximavam-se da pista mas com uma atitude pudica não permitindo qualquer tipo de contacto mais atrevido, algo surrealista!

Já no Irish pub, o ambiente era completamente louco. A maioria dos clientes era de origem inglesa e do sexo feminino. Inglesas na louca semana de escape ao país sombrio querendo apenas um parceiro para sexo. É conhecida a sua apetência pela ingestão de bebidas alcoólicas em grandes quantidades, o que degenerou na loucura acompanhada com alguns shows de striptease…
Image hosted by Photobucket.com
A justificação para este contraste é a segregação que a mulher ainda sofre em muitos lugares da Turquia, resultando em pouca ou nenhuma socialização entre sexos. Um dos melhores exemplos para o confirmar é o comum casamento por arranjo com a irmã do amigo que por sua vez se casa com a sua irmã!

Fomos à procura do país das mil e uma noites e descobrimos um país de mil e um contrastes.

FIM

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Muito bem! Não era de esperar menos... considero que o texto é bastante coerente e interessante. Gostei muito do início e da forma como concluis o teu pensamento acerca dos antagonismos observados e experienciados. A primeira foto é absolutamente fascinante! Nota 10. Bj.

27/10/05, 19:32  
Anonymous Anónimo said...

Companheiro,

De facto a primeira foto é cativante! Mas do mulherio nada!!! O relato da putaria está muito incompleto... Exige-se uma adenda à ponte intercontinental 9 com fotos e descrições pormenorizadas para que todos aqueles que desejem seguir as vossas pisadas se possam assim orientar! Nem ao menos uma simples foto desfocada com as vossas caras enfiadas nas... encobertas claro!! para manter as aparências!

NM

28/10/05, 00:24  
Blogger Eliana Duarte said...

Fui fiel à Ponte Intercontinental e as minhas leituras foram sempre muito atentas, mas não poderia ser de outra forma,pois:
1. os protagonistas são mesmo especiais;
2. a história está muito bem contada;
3. estimula a curiosidade;
4. faz-nos aprender;
5. aguça(ainda mais) o desejo de conhecer o país;
E afinal, para quando a mostra das fotografias e outros capítulos ainda não contados?
BEIJO x 2

30/10/05, 17:35  

Enviar um comentário

<< Home