“NÁ’MÉRICA CENTRAL” VII
Tegucigalpa - Honduras 11 de Agosto 21h00
Iniciei este artigo a 4 de Agosto em Copán nas Honduras (Mais ruinas Maias).
Ok, já tinha afirmado ter atingido a minha cota de ruínas mas o Filipe acabado de chegar demonstrou entusiasticamente o seu interesse em visitar um núcleo Maia ao que eu acedi, mas declaro publicamente MAIS NÃO!
A minha estadia em redor do lago Atitlán prolongou-se mais que o planeado devido aos horários dos transportes.
Aproveitei para acabar a leitura do "Los Días De La Selva" de Mario Payeros, escritor e revolucionário de esquerda, que relata a sua experiência na criação clandestina de células de apoio ao movimento revolucionário. O entusiasmo era tal que acabei por ler na mesma noite a história da Guatemala em cartoons: "La Otra História" criado por Filóchofo. Fez-me recordar o filme "A Vida é Bela", pela forma humorística como relata a horrenda história deste país na certeza que ninguém irá ficar indiferente á crueldade dos factos.
Não consigo compreender como, com a complacência dos EUA, existiu uma sociedade feudalista na Guatemala no decorrer dos anos 70, onde protegidos por uma lei do país os proprietários dos campos de café, normalmente norte americanos, usavam a mão de obra indígena sem a obrigatoriedade de lhes pagar! Escravatura Contemporânea!
Continuação do artigo a 5 de Agosto em La Ceiba nas Honduras.
Os pueblos em redor do lago Atitlán mantém vivas as suas tradições ancestrais independentemente da pressão turística. Exemplo disso é Santiago Atitlán onde assisti ao ritual de bênção pelo Maximám, um misto de deus maia com Pedro Alvarado (conquistador da Guatemala) e Judas. Este sob a forma de uma estranha escultura de madeira vai alternando pelas casas dos anciões da aldeia e onde através de oferendas num ritual bizarro o povo solicita a sua bênção.
Após mais um dia a assar o traseiro nos autocarros liguei Panajachel a San Salvador para me encontrar com o tuga que ai me esperava há 2 dias.
No dia seguinte (3 de Agosto) partimos lentamente em direcção á fronteira das Honduras. Até lá chegar visitámos cidades coloniais, atravessámos lagos em lancha, apanhámos boleia na traseira de uma pickup, viajámos em chicken buses, terminando o dia com uma molha e uma última boleia para San Ignácio. Acabámos por atravessar a fronteira no dia seguinte mas só após ter assistido ao espectáculo bárbaro da matança de um perro (cão) por outros dois em plena calle, sem que ninguém se atrevesse a socorrer o pobre animal.
Para chegar á fronteira optámos pela económica boleia na traseiras das pickups, onde tivemos o prazer de partilhar o espaço com um passador de emigrantes e dois clientes seus que estavam a iniciar a longa viagem de El Salvador para os States. Este não foi o meu primeiro contacto com este fluxo migratório, há alguns dias atrás conheci um jornalista espanhol a trabalhar no México que me falou destes emigrantes e dos 1000 US$ que pagam aos passadores, bem como da rota tradicional para atravessar o México que é no tejadilho do comboio que atravessa o país. Até onde sei muitos destes sonhos não se chegam a concretizar. Outros há como o caso do passageiro com quem dividi o banco entre Guatemala City e San Salvador que retornava á terra que o viu partir mas agora acompanhado por uma esposa mexicana e pelos seus dois filhos!
Aqui iniciámos o massacre em autocarros, passamos praticamente dois dias nestes rústicos espaços de enorme valor inter cultural. Apenas quebrámos o ritmo com a visita as ruínas de Copán, onde tive a oportunidade de aprender o verdadeiro motivo da guerra entre El Salvador e as Honduras. Os livros de história referem a deportação de refugiados salvadorenhos pelas Honduras com acusações de maus-tratos e um jogo de futebol em San Salvador entre estas duas nações que terminou em extrema violência e que originou a guerra. Mas a verdadeira razão está relacionada com migrações do médio oriente no decorrer das duas grandes guerras. Ambas as comunidades de emigrantes começaram a controlar a economia dos países, Judeus no caso de El Salvador e árabes (por coincidência com o momento actual) maioritariamente do Líbano nas Honduras. Julgo que não é necessário acrescentar detalhes!
Mar à vista! Finalmente após esta longa travessia avistamos o mar das Caraíbas, pernoitando em La Ceiba mas ansiosos por apanhar o ferry para Roatán.
Continuação do artigo a 11 de Agosto em Tegucigalpa nas Honduras.
Roatán é conhecida por ser o local mais económico no mundo para se tirar um curso de mergulho.
Aproveitando a nossa visita decidimos aprender mais um pouco. O Filipe tirou o seu curso Open Water Dive e eu decidi evoluir para o Advanced PADI, que não é mais do que realizar 5 mergulhos específicos: nocturno, de profundidade, flutuabilidade, deriva e navegação.
Os planos pareciam ser excelentes, a praia é magnifica, o clima cinco estrelas, a temperatura da água fabulosa mas a comida, ou pelo menos algo que eu comi, foi a desgraça, dois dias de cama a contorcer-me com cólicas! Dos iniciais dois dias que planeávamos lá ficar, acabamos com a decisão de tirar os cursos e a minha convalescença por ficar 5!
É assim o nosso espírito errante, não há regra a cumprir e a nossa vontade é soberana a qualquer plano inicial.
PRÓXIMA CRÓNICA: [“NÁ’MÉRICA CENTRAL” VII.1]
Iniciei este artigo a 4 de Agosto em Copán nas Honduras (Mais ruinas Maias).
Ok, já tinha afirmado ter atingido a minha cota de ruínas mas o Filipe acabado de chegar demonstrou entusiasticamente o seu interesse em visitar um núcleo Maia ao que eu acedi, mas declaro publicamente MAIS NÃO!
A minha estadia em redor do lago Atitlán prolongou-se mais que o planeado devido aos horários dos transportes.
Aproveitei para acabar a leitura do "Los Días De La Selva" de Mario Payeros, escritor e revolucionário de esquerda, que relata a sua experiência na criação clandestina de células de apoio ao movimento revolucionário. O entusiasmo era tal que acabei por ler na mesma noite a história da Guatemala em cartoons: "La Otra História" criado por Filóchofo. Fez-me recordar o filme "A Vida é Bela", pela forma humorística como relata a horrenda história deste país na certeza que ninguém irá ficar indiferente á crueldade dos factos.
Não consigo compreender como, com a complacência dos EUA, existiu uma sociedade feudalista na Guatemala no decorrer dos anos 70, onde protegidos por uma lei do país os proprietários dos campos de café, normalmente norte americanos, usavam a mão de obra indígena sem a obrigatoriedade de lhes pagar! Escravatura Contemporânea!
Continuação do artigo a 5 de Agosto em La Ceiba nas Honduras.
Os pueblos em redor do lago Atitlán mantém vivas as suas tradições ancestrais independentemente da pressão turística. Exemplo disso é Santiago Atitlán onde assisti ao ritual de bênção pelo Maximám, um misto de deus maia com Pedro Alvarado (conquistador da Guatemala) e Judas. Este sob a forma de uma estranha escultura de madeira vai alternando pelas casas dos anciões da aldeia e onde através de oferendas num ritual bizarro o povo solicita a sua bênção.
Após mais um dia a assar o traseiro nos autocarros liguei Panajachel a San Salvador para me encontrar com o tuga que ai me esperava há 2 dias.
No dia seguinte (3 de Agosto) partimos lentamente em direcção á fronteira das Honduras. Até lá chegar visitámos cidades coloniais, atravessámos lagos em lancha, apanhámos boleia na traseira de uma pickup, viajámos em chicken buses, terminando o dia com uma molha e uma última boleia para San Ignácio. Acabámos por atravessar a fronteira no dia seguinte mas só após ter assistido ao espectáculo bárbaro da matança de um perro (cão) por outros dois em plena calle, sem que ninguém se atrevesse a socorrer o pobre animal.
Para chegar á fronteira optámos pela económica boleia na traseiras das pickups, onde tivemos o prazer de partilhar o espaço com um passador de emigrantes e dois clientes seus que estavam a iniciar a longa viagem de El Salvador para os States. Este não foi o meu primeiro contacto com este fluxo migratório, há alguns dias atrás conheci um jornalista espanhol a trabalhar no México que me falou destes emigrantes e dos 1000 US$ que pagam aos passadores, bem como da rota tradicional para atravessar o México que é no tejadilho do comboio que atravessa o país. Até onde sei muitos destes sonhos não se chegam a concretizar. Outros há como o caso do passageiro com quem dividi o banco entre Guatemala City e San Salvador que retornava á terra que o viu partir mas agora acompanhado por uma esposa mexicana e pelos seus dois filhos!
Aqui iniciámos o massacre em autocarros, passamos praticamente dois dias nestes rústicos espaços de enorme valor inter cultural. Apenas quebrámos o ritmo com a visita as ruínas de Copán, onde tive a oportunidade de aprender o verdadeiro motivo da guerra entre El Salvador e as Honduras. Os livros de história referem a deportação de refugiados salvadorenhos pelas Honduras com acusações de maus-tratos e um jogo de futebol em San Salvador entre estas duas nações que terminou em extrema violência e que originou a guerra. Mas a verdadeira razão está relacionada com migrações do médio oriente no decorrer das duas grandes guerras. Ambas as comunidades de emigrantes começaram a controlar a economia dos países, Judeus no caso de El Salvador e árabes (por coincidência com o momento actual) maioritariamente do Líbano nas Honduras. Julgo que não é necessário acrescentar detalhes!
Mar à vista! Finalmente após esta longa travessia avistamos o mar das Caraíbas, pernoitando em La Ceiba mas ansiosos por apanhar o ferry para Roatán.
Continuação do artigo a 11 de Agosto em Tegucigalpa nas Honduras.
Roatán é conhecida por ser o local mais económico no mundo para se tirar um curso de mergulho.
Aproveitando a nossa visita decidimos aprender mais um pouco. O Filipe tirou o seu curso Open Water Dive e eu decidi evoluir para o Advanced PADI, que não é mais do que realizar 5 mergulhos específicos: nocturno, de profundidade, flutuabilidade, deriva e navegação.
Os planos pareciam ser excelentes, a praia é magnifica, o clima cinco estrelas, a temperatura da água fabulosa mas a comida, ou pelo menos algo que eu comi, foi a desgraça, dois dias de cama a contorcer-me com cólicas! Dos iniciais dois dias que planeávamos lá ficar, acabamos com a decisão de tirar os cursos e a minha convalescença por ficar 5!
É assim o nosso espírito errante, não há regra a cumprir e a nossa vontade é soberana a qualquer plano inicial.
PRÓXIMA CRÓNICA: [“NÁ’MÉRICA CENTRAL” VII.1]
7 Comments:
É com agrado que leio as vossas notícias.
Fiquem bem.
Então Hélder!! não te lembraste da minha mãe... ñ sei se já te tinha dito, mas ela faz milagres com os animais, e assim a carteira de clientes dela passava a abranger também a américa central... ;p
(também quero ir ao mergulho...
continuação de uma boa viagem, e as melhoras pro doentito... (já te disse que a minha mãe também é médica... ;)
bjoka
Καληνύχτα!
Ao contrário de quem também passou férias na ilha de Apolo eu não cheguei “melhor”… ou será que sim?!
Tal como era previsto a minha viagem foi muito gratificante. Quer do alto das Montanhas Brancas, das praias idílicas banhadas pelo Mar Líbano ou das ruínas do Palácio de Knósos (berço da civilização Minóica)… sem avistar o velho Aveiro… tudo correu pelo melhor e recomenda-se!
Fico contente por saber que estão bem e que a vossa aventura está a ser muito interessante.
Continuação de boa viagem… e exclusivamente para o Filipe: “ΦΙΛΑΚΙΑ ”
γειά σου
SLM
Ora Viva amigos!
Já estás "fino" helder? espero q sim!
Aproveitem mt e obrigada por irem partilhando connosco estas histórias do mundo.
bjs enormes
Na minha muito, mas muito humilde opinião esta tua viagem está a ser muito mais rica do que a primeira. Já não são só paisagens. Parece-me ter muito mais vivência e envolvimento "con la gente".
Estás é com umas ideias muito estranhas e deves andar a ler livros e a falar com as pessoas erradas ;)) Vê lá onde é que isso vai parar "compañero" ;)
Um grande abraço e tudo de bom para ambos.
O vosso silêncio deixou todas as mulheres em cuidados...
Verifiquei contudo que ele - o silêncio - se deveu a tudo menos o que interessa: cólicas e arqueologia! Pergunto-me se serão essas as únicas aventuras que um local como esse tem para oferecer?
Façam como a recem-regressada da Ilha de Apolo (e quase-amiga-do-castro) que me parece saber aproveitar as fugas!
Buga
Nuno Monteiro
Força meu. Um abraço.
Lord Abílio
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